segunda-feira, julho 31, 2006

Dor, Sangue e Lágrimas

A população israelense pode esperar dor, sangue e lágrimas nos próximos dias. Ou semanas.
É o que afirmou na tarde desta segunda-feira o primeiro ministro israelense Ehud Olmert., segundo o Haaretz.
Israel não vai aceitar um cessar-fogo enquanto o Hezbollah não for desarmado e não devolver os dois soldados seqüestrados, fato que gerou a escalada de agressões e retaliações.
Olmert fala em nome do Estado de Israel e para a população israelense.
Qual será a resposta do governo libanês a essas palavras e à sua população?
Vai preferir confrontar o Hezbollah ou as Forças Armadas Israelenses?

Por Alá!

Leio uma entrevista com o escritor paquistanês Tariq Ali feita pelo jornalista Antonio Gonçalves Filho e publicada na edição deste último domingo no caderno Cultura do Estado de S. Paulo.
Tariq se diz ateu, não islâmico e que para aprender sobre o Islã foi a Portugal e Espanha ( e não ao Oriente Médio... ). Diz, nessa entrevista que não se distingue um discurso de Fernando Henrique Cardoso de um de Lula, que há de se combater o capitalismo e que o socialismo deve promover a democracia, que Hugo Chávez é o principal, mais importante e mais relevante líder da América Latina, que esse mesmo Chávez e Morales são social-democratas e que chamar o Hamas de organização terrorista é uma frivolidade.
Bem, não conheço a obra desse senhor, mas pelo visto não estou perdendo muita coisa.

Uma canção a cada dia


2+2=5
Uma das melhores coisas do Radiohead.
Já é um clássico. Essa gravação é de um show em Glastonbury.
‘Are you such a dreamer to put the world to rights?
I´ll stay home forever, where 2 and 2 always makes up 5...’

Democracia Desbotada

Um adendo ao comentário anterior:
No sábado à tarde, no Palestra Itália estava o Paulinho Serdan, notório arruaceiro ( não faz tempo, foi flagrado por câmeras de TV agredindo um torcedor na entrada do estádio ) distribuindo santinhos de sua candidatura a deputado estadual. Pergunto-me no que esse sujeito poderia ser útil ocupando um cargo na Assembléia Legislativa.
Ele concorre pelo Partido Verde e diz que é alguém que vai defender 'as nossas cores'.
E eu achando que o Verde a que se refere a sigla fosse o do meio-ambiente...

Inferno! Purgatório... Paraíso?



Vamos por ordem de importância, do mais negligenciável ao mais relevante.
O Ultimão perdeu mais uma no campeonato. Foi o oitavo jogo seguido sem vitória. Está, agora, na lanterna, a três pontos do penúltimo colocado ( Fortaleza ) e a seis de sair da zona de rebaixamento. O time custou algo em torno de 150 milhões de reais.
Dispensa comentários.
Fui, no sábado, acompanhar Palmeiras x Paraná no Palestra Itália ( que é o Estádio que oferece as melhores condições de acesso, escoamento e estacionamento na Capital ) e julgo que o time da colônia italiana está ganhando cara de time competitivo. Fez dois a zero, tomou o empate e não se abalou: fez mais dois, pra golear por 4 a 2. E jogando contra o então quarto colocado da competição.
Atenção com o Palestra.
Por fim, o São Paulo. Tá certo, jogou com os reservas, mas isso não alivia nada: tomou 4 a 0 em pleno Morumbi de um rival que vem sendo o principal carrasco do Tricolor nos últimos anos. Parabéns ao Santos, que aproveitou a fragilidade do time do Morumbi.
Ao São Paulo resta tirar uma lição: se não é pra desesperar quanto ao rendimento do time na continuação do campeonato e da Libertadores, é preciso atentar a algumas constatações. Lenílson não está a altura de Danilo; Lúcio insiste em praticar seu futebol-piada; a zaga que jogou ontem não pode mais entrar em campo. Se pretende continuar sendo competitivo, o São Paulo precisa urgentemente renovar os contratos de Danilo, Lugano e Mineiro, além de resolver o imbróglio André Dias.
Que esse 4 a 0 sirva de aviso. Um time que quer ganhar o mundo não pode perder jogadores importantes para o Fenerbahce, para o futebol japonês, para o Goiás.

sexta-feira, julho 28, 2006

Amigos da Onça

O sítio da Caros Amigos divulga uma série de depoimentos de um detento tomados de dentro da penitenciária de Araraquara. Ele fala sobre blitz de rotina, balas de borracha e outros detalhes da vida no xilindró.
Tudo bem, não fosse o fato de os depoimentos terem sido gravados de conversas realizadas por meio de celulares em poder dele, dentro da cadeia.
As implicações éticas desse tipo de jornalismo eu deixo para o julgamento de cada um.
Para ler:
http://carosamigos.terra.com.br/

Liberty Valance



Esta madrugada, sem vontade de dormir, resolvi assistir a um DVD que comprei já há alguns meses, mas que ainda não havia visto. É o DVD do clássico de John Ford, O Homem Que Matou o Fascínora ( The Man Who Shot Liberty Valance ), com James Stewart, Lee Marvin e John Wayne.
Filmaço.
Mesmo com o sono já ameaçando me derrotar, ás 6h00 da manhã, não deu pra deixar pra assistir em outra hora.
E achei que o tema do filme está em coincidência com alguns fatos do noticiário atual.
É um filme muito mais atual do que pode parecer à primeira vista, tratando-se de um western de 1962. O conflito vivido pelo personagem de Stewart entre a lei e as armas, entre a barbárie e a civilização não poderia ser mais pertinente hoje em dia, em que jornais enchem suas páginas com as discussões sobre as agressões do Hezbollah e as retaliações de Israel.
A cena final é de uma ironia de mestre.
Existem dilemas que não são resolvidos: quando ficamos sabendo que o personagem de Stewart não tem sangue nas mãos, à vista de todo o progresso conseguido pela via da civilização, notamos, e ele também, o quanto foi importante um passado de sangue. Percebe-se o desconforto com a constatação de que dá-se diferentes valores, e nem sempre de maneira justa, à força e à razão.
É um belo filme, de fato.
Tem nuances, tem inteligência, coisas que têm faltado hoje em dia.

Uma canção a cada dia



Hoje é o Yeah Yeah Yeahs.
A canção é Turn Into. Essa gravação aí de cima é um registro de um show em Londres.
Na verdade, eu até prefiro a versão de estúdio, do álbum Show Your Bones, que é mais delicada, a voz fica mais sutil, tem um violãozinho lindo.
É das melhores coisas que descobri nos últimos tempos.

Fim de Papo?

Leio no International Herald Tribune que o apoio ao Hezbollah vem crescendo de forma acentuada no Oriente Médio. Entre a população dos países árabes em geral os líderes da guerrilha xiita são considerados heróis populares; líderes árabes, que a princípio adotaram uma postura bastante crítica em relação às ações do grupo que originaram a sangrenta retaliação de Israel já dão mostras de não estarem dispostos a cometer suicido político para apoiar uma posição de crítica a um grupo amplamente apoiado por seus povos. Até a Al Qaeda, grupo terrorista de origem sunita que costuma atacar duramente os xiitas pelo apoio dado às tropas americanas no Iraque já manifestam desejo de entrar no conflito.
A opinião geral é de que o Hezbollah está conseguindo confrontar Israel de uma forma e com um poder até agora não demonstrado por nenhum País da região. A opção pelo diálogo está sofrendo um processo de descrédito acentuado e isso pode ter consequências desastrosas para a população libanesa.
Parece que a janela para uma solução negociada do conflito está se fechando definitivamente.
Leia a matéria completa:
http://www.iht.com/articles/2006/07/28/africa/web.0728arabsfront.php

quinta-feira, julho 27, 2006

On The Rocks

Um jogaço!
Foi isso o que se viu nesta noite de quarta-feira entre São Paulo e Chivas Guadalajara no Estádio Jalisco, no México, pela semi-final da Libertadores. Ok, eu apostei no Danilo pra decidir o jogo e errei.
Não decidiu. Mas também não jogou mal. Fez uma partida regular, aquém do que pode fazer, mas vejo uma melhora em seu desempenho.
Mas o time do São Paulo fez uma bela partida, parecendo estar em casa, em pleno Morumbi. Marcação adiantada, obrigando os zagueiros a jogar, o meio-campo bem postado, com Mineiro preciso como sempre e Josué, mais uma vez sendo um leão em campo. Júnior surpreendeu, participando muito bem da armação, não como de costume, como um elemento surpresa ao revezar com Danilo, mas assumindo a função principal de armador do time. Ricardo Oliveira e, principalmente Leandro dando muito trabalho para a defesa mexicana, com o apoio constante de Souza, que foi decisivo também na cobertura da zaga. Aloísio também entrou bem no time ( melhor que Lenílson ), e conseguiu o pênalty convertido por Rogério Ceni, agora o maior goleiro artilheiro da história, para além de qualquer discussão estatística.
Enfim, um desempenho como o time não tinha apresentado ainda no ano. E no momento certo, contra o adversário mais perigoso até agora.
Mas o que definiu a vitória ( e a provável classificação para a sexta final de Libertadores, a se repetir esse desempenho no próximo dia 02 no Morumbi ) foi a frieza ( não confundir com desinteresse ) demonstrada pela equipe durante todo o jogo ao não se afobar, não cair em provocação e não perder a concentração após um gol corretamente anulado pelo árbitro no primeiro tempo.
Uma vitória da experiência e da técnica. Engrandecida, é bom que se diga pelo bom futebol demonstrado pelo Chivas, que é um time muito perigoso e deve ser olhado com respeito no jogo da volta.
Mas foi uma vitória de campeão, para dar moral.

quarta-feira, julho 26, 2006

Mickey Mouth




Christopher Hitchens é um foragido do reino do politicamente correto, asilado nos porões escuros e úmidos do pensamento inteligente e mordaz.
Ex-esquerdista, tratado como traidor por boa parte da esquerda internacional, ele costuma incomodar bastante com seus textos irônicos e agudos. É uma inteligência rara.
Uma amostra pode ser vista em texto seu para a Vanity Fair sobre a prática milenar do sexo oral, que alcaçou um status de instituição em nosso tempo, particularmente nos EUA, ele argumenta, onde é tão típica quanto tortas de maçã.
É um autor que vale o tempo gasto em lê-lo.
Para uma história do Ultimate Kiss, com pesquisa etmológica e localizações literárias, inclusive:
http://www.vanityfair.com/commentary/content/articles/
It sucks!

O Dia D

Nesta quarta será disputada a partida mais importante do ano, até agora, para o São Paulo. Vai ser uma pedreira lá no Jalisco, contra o Chivas Guadalajara. Já ganharam duas vezes da gente, este ano.
Estou apostando em um jogador, em particular, pra decidir a partida a nosso favor. Um jogador especial, que vinha sendo o melhor do time até mais ou menos a sexta rodada do Brasileirão e que ainda é o artilheiro do clube na temporada.
Danilo.
Não é um jogador que possa ser chamado de craque, mas tem muita habilidade, bastante senso tático e engana a marcação com sua falsa lentidão. O problema é que o Danilo pertence à mesma categoria de jogadores como Alex, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Raí, Pitta e Roger, por exemplo. É melhor que alguns desses, mas pior que outros, mas não falo da qualidade técnica, e sim da estranha característica de serem muito dependentes de um determinado esquema, de precisarem de um certo espaço e uma certa função específica para poderem render. São os jogadores que ás vezes ‘dormem em campo’.
Danilo vem passando por uma fase ruim, já há algum tempo, e acredito que chegou ao fundo do poço na quarta passada, contra o Estudiantes, no Morumbi. Não apareceu para o jogo, se deixou envolver pela marcação, deixando a armação das jogadas para a zaga e para Josué ( até Ricardo Oliveira foi obrigado a sair da área para buscar jogo ) e ainda por cima quase nos levou à desclassificação ao perder um pênalty decisivo. Ficamos sabendo agora que ele jogou a maior parte desse jogo com a mão direita quebrada.
O que demonstra muita vontade e disposição pra assumir a responsabilidade.
Estou acreditando que hoje à noite ele vai decidir pra gente, como fez nos dois jogos contra o River, ano passado também pela semi-final.
Ele dorme, sim. Mas costuma acordar em jogos importantes.
Vai!


Fronteiras

É bastante complexa, a tarefa de enxergar a verdade, ouvir o som cristalino da certeza através da fumaça das bombas, do ruído das explosões. Quando o teatro é um cenário de atrocidades infindáveis, uma zona escura de razão e justiça, quando os atores são sempre desprovidos de um texto coerente e claro, quando o espetáculo deprime é difícil manter a serenidade e o senso crítico ativos.
Na guerra é assim. Nessa guerra é assim.
Não está mais claro quem está agredindo, quem está defendendo; quem tem a razão ( alguém deve, necessariamente tê-la? ), quem está do lado certo.
Um texto publicado no Haaretz faz pensar nessas coisas. É de autoria de Ze´ev Maoz, um professor de Ciência Política na Universidade de Tel Aviv, e chama-se Morality is not on our side (http://www.haaretz.com/hasen/spages/742257.html ).
Ele desfaz a ilusão ( pra mim, pelo menos... ) de que Israel apenas agiu em auto-defesa neste episódio. Não que ele dê a razão para o Hezbollah, ou para o Líbano que na verdade está apenas obliquamente envolvido no conflito ( apesar de suportar as maiores baixas e prejuízos ), pois embora não esteja oficialmente em guerra com Israel, e sim o Hezbollah, este último faz parte do governo libanês.
Listando uma série de infrações israelenses através do tempo ( remontando até as invasões de 1982 ) Maoz traça um cenário um pouco mais complexo do que o comumente desenhado na imprensa para destacar que, como diz o título do artigo, a moral não está do lado do estado de Israel.
Vale bastante a pena ler o artigo.
Aliás, têm sido publicados muitos textos de qualidade sobre este conflito.
Pelo menos tem servido esta guerra para estimular a análise crítica da situação no Oriente Médio.


segunda-feira, julho 24, 2006

Tropeçava nos fatos, distraído...


Essa imagem aí acima é uma ilustração do que é o País atualmente: um passo em falso rumo ao ridículo.
As fotografias foram tiradas em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, quando Lula recebia de presente a camiseta que ele segura, sem perceber o que estava escrito nas costas. Quando virou a camiseta, para olhar as costas...
A imagem eu encontrei no JHSINGH,
que é o blog do Jorge Henrique Singh, aqui no Blogger, mesmo.

Muvuca

Mais uma vez perdi 2 horas de meu tempo em uma fila para comprar ingressos para um jogo que ocorrerá somente daqui a dez dias.
Não dá pra entender. Por que não se organiza melhor esses eventos?
Por que a polícia não faz nada a respeito dos cambistas, que são os principais responsáveis pelo andamento desesperadoramente lento das filas, já que passam repetidas vezes na frente dos demais com a conivência dos fiscais?
E olha que estou falando de um jogo do São Paulo FC pela Libertadores da América, ou seja: o torneio mais importante, disputado pelo clube mais organizado da maior cidade do País.
Não devemos organizar uma Copa do Mundo por aqui, pelo menos nas próxima décadas. Para o nosso próprio bem..

sexta-feira, julho 21, 2006

Edcarlos


Nos pênaltys. Na marra. Sem espetáculo.
Alguns comentaristas têm apontado Edcarlos como o destaque do jogo entre São Paulo e Estudiantes, nesta quarta no Morumbi, valendo a classificação para a semi-final da Libertadores da América. Na verdade, Edcarlos disputa a preferência dos jornalistas com o goleiro Rogério Ceni, que defendeu uma cobrança de pênalty, e ainda marcou o seu, ao cobrar o segundo da série.
Eu discordo de ambos os lados. Pra mim não foi nem o Edcarlos, que marcou o gol Tricolor que levou à decisão por pênaltys, nem Rogério, que foi decisivo, sim, nas penalidades, mas sim Josué o melhor em campo. Marcou como um leão, armou o jogo, desarmou, chamou a responsabilidade pra si. O que é revelador, aliás.
Onde estava Danilo, que não saiu da marcação adversária? Onde estava Júnior, que deveria dividir a tarefa de armação com Danilo? E Ricardo Oliveira, esperança de gols? Thiago? Leandro? Souza? Quando um destaque em um jogo decisivo em casa é ou um goleiro, ou um volante ou um zagueiro reserva, algo não está indo bem, certo?
Nem sempre.
Na verdade, o São Paulo vem jogando assim já a uns três anos. Sempre no limite do estritamente necessário, com alguns jogos muito bons. Parece que o time, que tem muito talento distribuído pelo campo, sabe exatamente a medida do que precisa ser feito em campo para garantir a vitória. Não se trata de jogo feio, ou falta de vontade, mas sim de uma certa sabedoria. Que, aliás, exaspera a quem está na arquibancada.
Um exemplo extremo e feliz é a decisão do Mundial, dezembro passado em Yokohama contra o Liverpool: parecia que o jogo não iria terminar nunca, tamanha agonia proporcionada pelo jogo cerebral e no limite do controle imposto pelo Tricolor aos ingleses. Vencemos, com um gol de Mineiro, todos sabem. Foi o suficiente para entrar pra história. Foi algo que o Milan, por exemplo, não soube fazer contra o mesmo Liverpool na decisão da champions league.
Tem sido e vai continuar sendo assim: na medida exata pra vencer.
Se não der pelo talento, podemos contar com que o time se transmute em uma espécie de Edcarlos metafórico e vença. Desajeitado, na marra, correndo perigo.
Mas vença!

quarta-feira, julho 19, 2006

Podres Poderes ( El pelotero )

Está em cartaz no Senac da Lapa, aqui em São Paulo, uma exposição fotográfica sobre os 10 primeiros anos da Revolução Cubana, informa o sítio NoMínimo.
A imagem aí acima é uma das que estão expostas à visitação do público.
É curioso ( tristemente curioso, por sinal... ) notar como é possível e até digno de elogios no mundo subdesenvolvido montar uma exposição que tenha como tema o elogio do nascimento de um regime genocida e tirânico como o de Fidel Castro. A idiotia politicamente correta e terceiro-mundista, informada por um preconceito esquerdóide e burro consegue fazer crer aos olhos da opinião pública que ditaduras de esquerda são melhores e mais moralmente justificáveis do que suas congêneres de direita.
Imaginem se fosse aventada a possibilidade de uma exposição sobre os primórdios do governo Pinichet, por exemplo, em que pese a base construída por ele para o salto de desenvolvimento que proporcionou ao Chile se tornar o mais desenvolvido país da América Latina. Não é o caso de justificar os assassinatos e a repressão do ditador chileno, mas apenas apontar uma aberração ideológica: Fidel assassinou, torturou, reprimiu e acabou levando seu país à miséria.
Pinochet cometeu os mesmos crimes, mas transformou o Chile em uma nação pujante.
Ainda assim, ele é ( merecidamente ) considerado um monstro.
Fidel ainda hoje ostenta ares de santidade e recebe ministros de estado que choram convulsivamente de emoção em suas barbas...
Mas todos nós que prestamos alguma atenção à história sabemos qual foi o uso que ele fez do bastão que segura na imagem profética.
Será que sempre precisaremos de ridículos tiranos?

Vai, São Paulo!!!

Hoje é dia de Libertadores da América no Morumbi.
Mais de 60,000 pessoas estarão no estádio para torcer pelo São Paulo. Entre esses felizardos, este aqui.
Não será nada fácil para o tricolor conseguir furar a retranca dos argentinos do Estudiantes e fazer pelo menos dois gols sem tomar nenhum para podermos passar às semi-finais do torneio. O novo técnico deles, se não tem experiência na função ( estréia hoje ) tem uma história dentro do futebol argentino que deve inspirar e muito os camaradas de la plata. Seu nome é Diego Simeone, um dos jogadores símbolo da seleção Argentina.
Assisti a algumas entrevistas do pessoal do São Paulo e devo dizer que não gostei muito do que vi e ouvi. Rogério Ceni, por exemplo, dizendo que o importante é saber perder com dignidade, já que um dos dois times tem que sair perdedor do campo. Marco Aurélio Cunha indo na mesma linha, dizendo que o dever do São Paulo é chegar às fases finais das competições, o que já foi conseguido e que perder agora seria fatalidade, mas totalmente compreensível.
Sei lá... não estou gostando do tom das declarações.
Mas não tem nada: já estou com minha camisa da sorte e com o ingresso na mão.
Vai!

À Certa Distância

Dois bons textos foram publicados no Spiked! sobre a crise no Oriente Médio, um antes e outro após a deflagração final das agressões e retaliações de parte a parte entre Israel e o Hezbollah. O texto que antecede o conflito armado é de autoria de Brendan O´Neill ( http://www.spiked-online.com/index.php?/site/article/927/ ) e o que foi publicado depois do sequestro dos dois soldados israelenses e das retaliações israelenses é de Mick Hume ( http://www.spiked-online.com/index.php?/site/article/1139/ ) .
Ambos tratam do aspecto espetaculoso e sobrevalorizado que a questão palestina, com todas suas implicações para o cenário geopolítico da região, tem tomado ao longo dos últimos anos. Uma tese central que se depreende da argumentação dos articulistas é a de que tem se dado ao conflito uma dimensão que não é a verdadeira, ainda que ela seja, de fato muito importante e demande uma solução premente.
Os movimentos dos líderes da região têm sido concebidos para fazer frente aos desejos e ambições que eles desejam verem satisfeitas no cenário mundial e não para conseguir equacionar uma questão em si só já bastante problemática. Uma atitude desejável, argumentam, é o distanciamento da questão de atores que não têm muita coisa a contribuir para sua solução.

terça-feira, julho 18, 2006

Ilusão de Ética

Em um artigo publicado hoje na seção de Op-Ed do New York Times, Edward N. Luttwak argumenta que por pior que seja a crise atual no Oriente Médio ( e ele destaca que ela é um momento de definição na região, que coloca em xeque o próprio conceito do Líbano como nação ), ela não vai se espalhar para o resto da região.
Apesar de ter sido incentivada por Síria e Irã a crise não vai degenerar em guerra entre vários países da região. E não vai justamente por ter sido incentivada por Síria e Irã.
Irônico, não?
O fator crucial para que tal aconteça é justamente aquele que apontei em post anterior ( 'Sem Saída?' ): o cálculo frio de ganhos e perdas pessoais de cada governante. Sim, pois se Ahmadinejad e o Presidente Sírio vêem vantagens em incendiar a região com uma iniciativa irresponsável levada a cabo pelo Hezbollah, não têm razão alguma para crer que um engajamento direto na questão seria algo menos que catastrófico: daria a Israel um motivo para bombardear as instalações nucleares iranianas e não daria chance alguma para o atual regime sírio ter continuidade após uma derrota tão certa quanto cabal.
Enfim, Síria e Irã patrocinaram uma iniciativa criminosa por parte de um grupo terrorista a fim de desviar a atenção de si próprios, às voltas com a agência nuclear internacional e com os desmando e incompetências do Hamas, apoiado pela Síria. Mas não vão se queimar no fogo que eles próprios acenderam. Aliás, melhor que seja assim: ainda que não entrem na briga por puro cálculo e prefiram utilizar-se de idiotas úteis ( onde não os há!? ), é melhor que sejam covardes o suficiente para não derramar mais sangue. De contradição em contradição, de paradoxo em paradoxo, de ironias infelizes se faz a vida política na região.
Como eu disse antes: quando algo parece que está de acordo com valores elementares da civilização, no caso da política do Oriente Médio, descobre-se sempre o odor conhecido do cálculo político mais comezinho e irresponsável.
Parece que os políticos da região nunca vão nos surpreender. Nós é que não estaremos prestando atenção o suficiente.
Para acessar o texto de Luttwak, o que eu recomendo:
http://www.nytimes.com/2006/07/18/opinion/18luttwak.html?th&emc=th
( talvez seja necessário um rápido registro no NYT, mas é rápido, fácil e gratuito. Além de dar acesso ao conteúdo do jornal ).

segunda-feira, julho 17, 2006

Sem Saída?

A situação no Oriente Médio começa a tomar ares de guerra permanente. Os novos acontecimentos na região dão a impressão de que não é possível uma coexistência pacífica entre judeus e muçulmanos, árabes e israelenses, entre sunitas e xiitas, etc, etc.
Enquanto Israel invade o Líbano em retaliação ao sequestro de dois de seus soldados e inflinge sérios danos ao País ( já se fala em mais de US$ 500 milhões, sem contar prejuízos com turismo e comércio ), os líderes dos países árabes dão declarações condenando as ações do Hezbollah, autor dos sequestros. Boa, essa atitude? Um ato desinteressado que demonstra visão mais além do que o imediato? Pode até ser, mas a verdade é que esses líderes têm um cálculo muito bem feito sobre as consequências desse apoio a Israel. O que eles visam, principalmente, é o não incremento de poder do Irã, principal aliado do Hezbollah, que já ganhou muita força no xadrez geo-político da região com o desmantelamento do regime sunita de Saddam Hussein no Iraque.
E é bom lembrar que, apesar dessa posição dos líderes, a opinião pública é esmagadoramente favorável ao grupo terrorista, em todos os países islâmicos.
Enquanto isso, no Iraque, líderes sunitas, antes inimigos mortais dos americanos e da ocupação do território iraquiano pelas forças da coalizão, sugerem que os americanos devem ficar por mais tempo no País, a fim de garantir a segurança deles próprios, os sunitas que governaram por décadas o País com Saddam.
Parece que o puro cálculo e ganho pessoal dão as cartas no jogo político da região.
E parece, também, que não há esperança de paz enquanto isso não mudar.

sábado, julho 15, 2006

Que País é Esse?

Bombas explodindo em estacionamentos de Shopping Centers, policiais e civis baleados, agências bancárias atacadas, medo entre a população, o tal do Marcola dando esculacho em deputado federal, etc, etc, etc.
É difícil achar um só culpado pela situação, como também é impossível achar um só governante que não possa ser responsabilizado. Enquanto a cidade pega fogo, o Governador Cláudio Lembo diz que está tudo sobre controle, enquanto o PCC faz do tráfico de drogas e de armas sua principal coluna de sustentação, o Governo Federal faz de conta que não tem nada com isso, como se o combate à essas atividades não fosse de rsponsabilidade da Polícia Federal; governo e oposição fazem de tudo para lucrar eleitoralmente com a situação, como se não estivesse em jogo a própria existência da sociedade como a conhecemos, e o prefeito nem abre a boca, como se não ocorressem os fatos em sua jurisdição.
Se alguém ousa tocar mais fundo na ferida como Serra ou Bornhausen ( que também têm suas contribuições devidamente registradas ), é logo tachado de golpista e desqualificado. Colunistas em geral preferem acusar o governo e esquecer-se dos reais criminosos.
Daqui a uns três, quatro dias, forma-se um consenso pela urgência da adoção de um dos vários planos emergênciais de segurança pública engavetados no Congresso, faz-se uma reunião pluripartidária, com fotos e matérias de capa no Estadão e na Folha e não se fala mais nisso.
Até os próximos ataques.
Que país é esse?

sexta-feira, julho 14, 2006

Zidane!

O que o cracaço Zinedine Zidane fez na final da Copa do Mundo foi espantoso. Foi o melhor em campo, fez um golaço de pênalty (!!!) e, claro, deu uma puta cabeçada no peito do medíocre Materazzi. Mas o que ele fez em entrevista a duas emissoras de televisão francesas foi melhor ainda: Eu errei. Queria atingi-lo na garganta, ele disse.
Perfeito!
- Ele insultou minha família, e isso pra mim é pior do que um soco na cara... não estou arrependido, faria de novo.
É isso aí! Pra todos que acharam que ele iria demonstrar um arrependimento infinito e se imolar em praça pública ( eu, inclusive... ), ele prova que é gênio. Não se arrepende e diz que antes de jogador, é homem.
Esse tipo de atitude, de confrontar o politicamente correto, de não se deixar envolver pela cultura do sangue de barata está em falta hoje em dia. Ter coragem, ou mais francamente falando, sangue quente e peito aberto pra meter o pé na jaca na despedida de uma carreira espetacular, em uma final de Copa do Mundo, não é pra Ronaldo, é preciso ser Zidane...
Já disse em outro lugar: Zidane se despede do Olimpo para entrar na humanidade.
Maior ainda.

Procedimentos Invasivos

Na semana passada, se não me engano, foi invadida a casa da mãe do Reinaldo Azevedo, ex-diretor de Redação da, infelizmente, finada revista Primeira Leitura, que era, sem qualquer sombra de dúvida, a melhor publicação sobre política do Brasil. Ficamos sabendo, agora, que há coisa de um ano, o jornalista Augusto de Franco sofreu um ataque mais ou menos parecido, se bem que mais grave, pois sua residência foi invadida diversas vezes e chegou a ser alvo de tiros que, por sorte não o atingiram. O que os dois têm em comum? Ambos fazem oposição ao governo federal ( com minúsculas, mesmo ). São competentes e influentes nisso. São corajosos em suas opiniões e sabem, entre várias outras coisas, quem são os responsáveis por isso, embora ainda não possam provar.
Tenho uma opinião sobre o caso:
Isso é só o começo. Se esses caras ganharem a eleição de novo isso aqui vai virar um inferno. Mas é o ovo de serpente, só não vê quem não quer. Acredito que todos os que se interessam por política já tiveram o desprazer de experimentar a truculência, ignorância e violência dos petistas e das 'esquerdas' ( na verdade, para se fazer justiça, o que se passa por esquerda no Brasil ) em geral. Bastava discordar para ouvir uma avalanche de ofensas ( direita!, malufista! tucano! reaça! inocente! careta! feio! etc ), nunca admitiram o contraditório. Mas isso foi quando eles não tinham poder de polícia, não estavam totalmente infiltrados em todas as camadas do Estado. Hoje, com o poder, com a grana, com a influência e com as armas nas mãos, podem demonstrar seu verdadeiro intento. Não discutem mais; mandam matar, sequestrar, invadir e aterrorizar. Ninguém pendura um pôster ou usa uma camiseta de uma assassino proto-fascista como Che Guevara em vão, impunemente. Ninguém abraça um genocida como Fidel Castro por brincadeira. Ninguém manda matar um amigo ( como fizeram com o Celso Daniel ) por descuido, eles sabem muito bem o que pretendem. Eles querem sangue. Eles querem poder. Eles querem nossa liberdade. E nós, docemente, a entregamos nas urnas.
Esse País é uma merda. O que está pra acontecer não é tragédia, é destino.
Quem quiser conferir os relatos pelas próprias vítimas pode acessar:
www.blogdoreinaldoazevedo.bolgspot.com
www.e-agora.org.br