Edcarlos
Nos pênaltys. Na marra. Sem espetáculo.
Alguns comentaristas têm apontado Edcarlos como o destaque do jogo entre São Paulo e Estudiantes, nesta quarta no Morumbi, valendo a classificação para a semi-final da Libertadores da América. Na verdade, Edcarlos disputa a preferência dos jornalistas com o goleiro Rogério Ceni, que defendeu uma cobrança de pênalty, e ainda marcou o seu, ao cobrar o segundo da série.
Eu discordo de ambos os lados. Pra mim não foi nem o Edcarlos, que marcou o gol Tricolor que levou à decisão por pênaltys, nem Rogério, que foi decisivo, sim, nas penalidades, mas sim Josué o melhor em campo. Marcou como um leão, armou o jogo, desarmou, chamou a responsabilidade pra si. O que é revelador, aliás.
Onde estava Danilo, que não saiu da marcação adversária? Onde estava Júnior, que deveria dividir a tarefa de armação com Danilo? E Ricardo Oliveira, esperança de gols? Thiago? Leandro? Souza? Quando um destaque em um jogo decisivo em casa é ou um goleiro, ou um volante ou um zagueiro reserva, algo não está indo bem, certo?
Nem sempre.
Na verdade, o São Paulo vem jogando assim já a uns três anos. Sempre no limite do estritamente necessário, com alguns jogos muito bons. Parece que o time, que tem muito talento distribuído pelo campo, sabe exatamente a medida do que precisa ser feito em campo para garantir a vitória. Não se trata de jogo feio, ou falta de vontade, mas sim de uma certa sabedoria. Que, aliás, exaspera a quem está na arquibancada.
Um exemplo extremo e feliz é a decisão do Mundial, dezembro passado em Yokohama contra o Liverpool: parecia que o jogo não iria terminar nunca, tamanha agonia proporcionada pelo jogo cerebral e no limite do controle imposto pelo Tricolor aos ingleses. Vencemos, com um gol de Mineiro, todos sabem. Foi o suficiente para entrar pra história. Foi algo que o Milan, por exemplo, não soube fazer contra o mesmo Liverpool na decisão da champions league.
Tem sido e vai continuar sendo assim: na medida exata pra vencer.
Se não der pelo talento, podemos contar com que o time se transmute em uma espécie de Edcarlos metafórico e vença. Desajeitado, na marra, correndo perigo.
Mas vença!
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