sábado, setembro 16, 2006

Com a mão na merda...

Deu na imprensa inteira o escândalo sobre a matéria da Isto É com uma entrevista com os donos da Planam, principal peça do quebra-cabeça da máfia dos sanguessugas, matéria em que os Vedoin tentam incriminar José Serra, Barjas Negri e Geraldo Alckmin.
No Estadão e na Folha as matérias falam de tentativa de chantagem, acusação, aliás, que foi a base para a prisão de Darci Vedoin nesta sexta-feira, pela Polícia Federal. Ele estava tentando vender material em DVD e VHS contendo imagens de Serra recebendo ambulâncias na sede da Planam em 2001, fato esse que, segundo a argumentação que parece estar sendo implicitamente aceita na imprensa, provaria a culpabilidade de Serra quanto a um envolvimento no esquema.
Reinaldo Azevedo, em mais de vinte posts publicados em seu blog entre sexta e hoje, lança mão de uma argumentação bem informada para demonstrar a amplitude da farsa: desde falsas acusações, passando por distorções de visão, como tomar por comprometedor um fato totalmente normal como o desempenho de uma função em um ministério, chegando ao ápice do banditismo jornalístico próprio da imprensa nacional, majoritariamente petista, exemplificado na publicação mesma de uma denúncia tão flagrantemente inverossímel e carente de provas que a embasem.
Ele faz cair também, a máscara de Josias de Souza, quando este finge não ver a quantidade de mentiras envolvidas na farsa.
Quem põe, também, a boca no trombone é Ricardo Noblat, mostrando em alguns textos como é contraditória a conduta de Darci Vedoin a respeito de José Serra, Abel Pereira e outros personagens envolvidos na trama. E Paulo Moreira Leite, em seu blog no portal do Estadão, faz uma comparação pertinente entre essa ação e o episódio da namorada do Lula em 89 ( a que o Reinaldo Azevedo também alude ) e cita, assim como o Consultor Jurídico, a ação estranha de Márcio Thomaz Bastos de não permitir que se tirassem fotografias das malas de dinheiro apreendidas com militantes petistas destinadas a pagar pela compra de provas falsas contra os tucanos. O Consultor, aliás, diz que Bastos tem razão, do que eu discordo totalmente.
Enfim, o verdadeiro escândalo, hoje, parece ser o da falta de qualidade da imprensa nacional, que publica denúncias vazias com intuito claro de influenciar eleições que deveriam ser democráticas,

sexta-feira, setembro 15, 2006

Barbeiragens de todos os tipos

A Caminho do Estádio

Fui parado por um bloqueio da polícia para ‘averigüação’, pois havia muitos ladrões na área, segundo a dupla de policiais. Pediram meu documento de identidade ( eu estava a pé, na Jorge João Saad ), e perguntaram se eu tinha passagem na polícia ou se estava respondendo algum processo na justiça ( ‘na boa, grande, fala a verdade, que se tiver, eu dou linha agora’, disse um deles ) e, enquanto tinha meu nome e número de identidade anotados para futura averiguação, comentei que eles deveriam ter um sistema que lhes possibilitasse a tal averiguação na hora. Um dos policiais, talvez o good cop, disse que existe a possibilidade de fazer via rádio, mas demoraria muito, etc. O outro, o bad cop, me deu uma olhada de cima abaixo ( depois de dizer que o São Paulo perderia o jogo...) e disse:
- Olha, eu até poderia te explicar, mas você não entenderia...
Pois é.
( fui embora dando risada e ouvindo no rádio uma entrevista do Lula para a equipe da Bandeirantes, tentando explicar o injustificável e negar o óbvio. Estamos bem servidos de autoridades, de cima a baixo, como o olhar irônico do policial ).

No Estádio

19,000 pessoas em uma final de campeonato entre São Paulo e Boca Juniors.
Dessas, umas 2,000 eram torcedores do Boca ( que fazem muito barulho, mas não cantam o jogo inteiro, como é propagandeado ). Uma exibição sofrível do São Paulo, sem padrão de jogo e com mais disposição do que nas últimas partidas, mas com a mesma falta de talento.
Mais um vice-campeonato. Que seja o último, este ano.
Parabéns ao Boca, que jogou muito bem e fez os gols quando e como quis.
Agora são os maiores vencedores da história do Futebol Internacional.

Voltando do Estádio

Aqueles que andamos de ônibus ou lotação em São Paulo estamos acostumados às barbeiragens que os chamados motoristas fazem nas ruas, mas o que o motorista da lotação que eu peguei na Francisco Morato fez foi além de todas as barreiras da irresponsabilidade. A velocidade com que ele desceu aquela avenida sinuosa dirigindo um microônibus lotado, cortando entre os carros foi um absurdo total.
Um moleque de não mais de 25 anos, dirigindo um veículo lotado às 00h30 poderia ter produzido uma desgraça.

Em Casa

Esse dia demorou até demais pra acabar.

terça-feira, setembro 12, 2006

Pebolim Erudito


Já aviso de cara:
essa é só pra quem não tem o que fazer.
Daniel Piza, Eduardo Maluf e Antero Greco jogando pebolim na Alemanha com narração e captação de imagens de Ricardo Anderaos.
2 gols contra do Greco, um do Piza e um do Greco, desta vez a favor.
Como diz o Anderaos, faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
O nível é de Seleção Brasileira, mas daquela que eles estavam cobrindo.

Fukuyama no Roda Viva

Ontem à noite, na TV Cultura foi exibido o Roda Viva com o Francis Fukuyama.
A bancada de entrevistadores incluiu Demétrio Magnoli, Fabio Santos, da finada Primeira Leitura, Jaime Pinsky e outros.
Algumas observações do entrevistado: a idéia de o governo Bush querer como bandeira principal de sua política externa a promoção da democracia é má, é contraproducente, pois Bush tem péssima imagem internacional, especialmente no Oriente Médio, principal palco de suas ações ‘democratizantes’; segundo Fukuyama, a democracia passa a ser vista como coisa de americanos, coisa do Bush, logo, uma má-idéia. O surgimento de máfias deve-se, principalmente à ausência de Estado, à falha do governo em promover justiça e ordem; Fukuyama pede mais Estado em regiões carentes. A União Européia encarna melhor o ideal de democracia do que os EUA. Os intelectuais devem ter participação efetiva no debate público; ausentar-se desse debate, deixando toda a tarefa do pensar o governo e o Estado para os políticos e o mercado seria irresponsabilidade.
E por aí vai...
Nada mal para quem sempre foi visto como um ideólogo hardcore do neoliberalismo satânico dos EUA, não é?
Para efeito de comparação: ele foi duramente questionado pelos entrevistadores e foi confrontado com aspectos dúbios e aparentemente incoerentes de seu pensamento nas questões formuladas pelo Demétrio Magnoli, à exemplo do que este fez no mesmo programa a algumas semanas com o Tariq Ali, mas, ao contrário deste último, não perdeu a linha em instante algum e respondeu a todas as perguntas com calma e solicitude.

sábado, setembro 09, 2006

Caçadores de Sentido


Eu sei que, a essa altura e com a velocidade com que os fatos atingem o esquecimento, a notícia já está velha. Mas a crítica que o clamor público verificado em vários países pela morte acidental do caçador de crocodilos Steve Irwin, um apresentador de uma espécie de reality show ambientalista em que ele encarava animais selvagens ( mais notadamente os crocodilos, é lógico... ), morte essa ocorrida durante a filmagem de um documentário submarino, quando ele foi atingido no coração pelo aguilhão de uma arraia, crítica essa feita pelo Rob Lyons na Spiked! tem alguns elementos relevantes e perenes sobre o estado de nossa consciência e de nossa opinião sobre nós mesmos.
A crítica ferina de Lyons foca sobre algumas particularidades em especial, como a equiparação para o espetáculo midiático de lamentação sobre um falecimento, de figuras como o Papa João Paulo II, Lady Di, George Best e o tal do Steve Irwin e a antropomorfização dos animais, um fenômeno bastante elucidativo de nossa disposição a relacionarmo-nos com outros seres humanos.
Lyons detecta o quanto precisamos ( ou boa parte de nós precisa, ao menos ) de certas ocasiões, mesmo que sejam fúnebres, para encontrar algum tipo de sensação de pertencimento, de comunhão.
Nem vou falar muito do texto.
Vale mais a pena lê-lo na íntegra.
Para isso, clique aqui.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Gainsbourg, Borges e Juliana Paes

Três links sobre coisas diferentes, mas que valem a pena.
Primeiro, no blog da Beth Salgueiro, Serge Gainsboug cantando sua versão reaggae da Marselhesa, que lhe acarretou inúmeros problemas, que ela conta no texto. Depois, uma dica do Daniel Piza, um especial no Clarín sobre Borges, com uma apresentação multimídia bem bacana. Por fim, Xico Sá, no site no mínimo, fala sobre a aparição destruidora de Juliana Paes em uma feira de beleza.
Só diversão em uma noite gelada.

Ronaldinho na Berlinda

Em uma tarde qualquer do ano passado, durante o horário de almoço desfrutado com sofreguidão em meu finado emprego, horário esse que eu fazia de tudo para coincidir com pelo menos um dos tempos dos jogos da Champions League, lá estava eu, uniformizado, de saco cheio e assistindo a um jogo do Barcelona, contra o Milan, se não me engano.
Eu e mais uma meia-dúzia de peões de pança cheia, esperando a volta completa do relógio-capataz.
A uma certa altura do jogo, o locutor ( se não me engano o Éder Luiz ) pergunta ao comentarista: Fulano, quem é melhor: Pelé ou Ronaldinho?
Eu, incauto, do alto da minha ignorância, já começava a sorrir e dizer em voz alta, pra mim mesmo “ Não tem nem comparação, o Pelé, é claro ”, quando alguém, atrás de mim, tirou quase todas as palavras da minha boca, apenas substituindo o’Pelé’ por ’Ronaldinho’.
Olhei pra trás e disse algo do tipo ‘você ta louco? Não dá nem pra comparar!’.
Aí foi que eu vi.
A opinião dele não era propriamente uma opinião, mas uma unanimidade. Todos os outros na sala concordavam: Ronaldinho é melhor que Pelé.
Afinal, Pelé só jogava contra galinhas mortas, no tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça, ao passo que Ronaldinho brilha como o outro nunca conseguiu jogando entre os melhores do mundo.
A discussão se estendeu mais um pouco e terminou, com todos concordando em discordar; afinal uma hora passa rápido e tinha Barça e Milan na TV, no meio do horário do expediente.
Na verdade, a discussão durou até as quartas de final da Copa do Mundo.
Zidane e Henry colocaram um ponto final nela.
O colunista Guilherme Fiúza, em um artigo publicado hoje no site ‘no mínimo’ ( clique aqui para ler ) dá uma desbancada monstro no tal do Ronaldinho Gaúcho.
Não sei se concordo com tudo o que vai ali, mas que ele diz umas verdades, ele diz.
Criticar a falta de objetividade e falta de inteligência que o Ronaldinho vem mostrando principalmente pela seleção é algo raro na crônica esportiva nacional.
E faz uma constatação bem original e certeira, na minha opinião: ele burocratizou a alegria do futebol; fez da finta, do drible, um recurso a ser usado com parcimônia e inteligência, para manter a aura de inesperado e fulgurante, uma marca registrada forçada e pouco efetiva.
Leia o artigo e veja se ele não tem uma ponta ( de iceberg ) de razão.

Uma canção a cada dia


Com esse vídeo, está completa trinca das melhores bandas nacionais da atualidade: Los Hermanos, Cachorro Grande e , agora, Bidê ou Balde, a mais pop das três, e igualmente competente.
A música é Bromélias, e é do disco Outubro ou Nada.
Repare nos tecladinhos 80 e no visual idem ( pra não falar da letra kitsch total...) e, também, na falta de jeito do vocalista na frente da câmera.
Pra ser pop não precisa ser brega.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Faz Sentido...

Então quer dizer que até que enfim encontraram uma das versões de ‘O Grito’, de Edward Munch, que fora roubado de um museu na Noruega em 2004?
Bom.
Os especialistas dizem que mais cedo ou mais tarde as telas ( também havia sido roubada uma outra tela, ‘Madonna’, do mesmo Munch, na mesma ocasião ) acabariam aparecendo, pois se trata de pinturas muito famosas para poderem ser revendidas no mercado de arte.
Ninguém correria o risco de pagar por um objeto de roubo tão notório e procurado, dizem eles.
Faz sentido.
Mas o que eu acho digno de nota é que o símbolo maior, talvez, da angústia do homem nas artes visuais apareça em um momento tão propício; não poderia haver uma manifestação mais pungente do acaso, à guisa de comentário, para o atual estado das relações e da realidade da vida moderna cotidiana do que o surgimento, das brumas do esquecimento, do vortex misterioso da esperança, desse símbolo do desespero, do total pânico frente ao estado de coisas ao nosso redor que é essa tela.
Quanta coisa já foi dita a respeito da ( des )figura que clama por sentido e socorro em meio ao remoinho de cores que parecem derreter a realidade circunstante. Esse súbito reaparecimento é um sinal do acaso, também conhecido como divindade, do que podemos esperar desses dias de Ahmadinejad, Hezbollah, Lula, PCC, e um infinito etc ( complete a seu próprio gosto, querido leitor ).
A nós, que ou silenciamos ou sussurramos preces, a vida responde com O Grito.
De pânico, de pavor e de incompreensão.
Parece que não vamos conseguir que o acaso, Deus, ou o que for receba e dê solução à nossa angústia furtiva; é óbvio demais que a culpa é nossa, não será possível enganar a vida por muito tempo.
Mais dia, menos dia ela vomita de volta nossas esperanças covardes e imóveis.
Burrice e covardia, sobretudo a intelectual, não encontram mercado no futuro.