Ronaldinho na Berlinda

Eu e mais uma meia-dúzia de peões de pança cheia, esperando a volta completa do relógio-capataz.
A uma certa altura do jogo, o locutor ( se não me engano o Éder Luiz ) pergunta ao comentarista: Fulano, quem é melhor: Pelé ou Ronaldinho?
Eu, incauto, do alto da minha ignorância, já começava a sorrir e dizer em voz alta, pra mim mesmo “ Não tem nem comparação, o Pelé, é claro ”, quando alguém, atrás de mim, tirou quase todas as palavras da minha boca, apenas substituindo o’Pelé’ por ’Ronaldinho’.
Olhei pra trás e disse algo do tipo ‘você ta louco? Não dá nem pra comparar!’.
Aí foi que eu vi.
A opinião dele não era propriamente uma opinião, mas uma unanimidade. Todos os outros na sala concordavam: Ronaldinho é melhor que Pelé.
Afinal, Pelé só jogava contra galinhas mortas, no tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça, ao passo que Ronaldinho brilha como o outro nunca conseguiu jogando entre os melhores do mundo.
A discussão se estendeu mais um pouco e terminou, com todos concordando em discordar; afinal uma hora passa rápido e tinha Barça e Milan na TV, no meio do horário do expediente.
Na verdade, a discussão durou até as quartas de final da Copa do Mundo.
Zidane e Henry colocaram um ponto final nela.
O colunista Guilherme Fiúza, em um artigo publicado hoje no site ‘no mínimo’ ( clique aqui para ler ) dá uma desbancada monstro no tal do Ronaldinho Gaúcho.
Não sei se concordo com tudo o que vai ali, mas que ele diz umas verdades, ele diz.
Criticar a falta de objetividade e falta de inteligência que o Ronaldinho vem mostrando principalmente pela seleção é algo raro na crônica esportiva nacional.
E faz uma constatação bem original e certeira, na minha opinião: ele burocratizou a alegria do futebol; fez da finta, do drible, um recurso a ser usado com parcimônia e inteligência, para manter a aura de inesperado e fulgurante, uma marca registrada forçada e pouco efetiva.
Leia o artigo e veja se ele não tem uma ponta ( de iceberg ) de razão.
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