terça-feira, agosto 22, 2006

Não preciso de Tariq Ali

Acabei de assistir à entrevista de Tariq Ali, romancista e ativista político paquistanês no Roda Viva da TV Cultura.
Eu já tinha comentado aqui uma entrevista que ele deu ao Estadão antes de sua participação na FLIP, a qual achei na ocasião recheada de besteiras. Pois bem: nessa entrevista que foi ao ar hoje mas que foi gravada no último dia 15/08, entrevista essa de mais ou menos uma hora e meia pude constatar que eu estava errado ao vê-lo como portador de algumas idéias equivocadas. Tariq Ali não tem apenas algumas idéias fora-do-lugar; ele é abissalmente medíocre.
Entre outras coisas ele “humanizou” os terroristas que explodiram bombas em Londres em 07/07/05, defendeu o Hezbollah como um legítimo grupo combatente ao imperialismo americano, se disse simpático a Mahmoud Ahmadinejad e tentou justificar a repressão cubana.
Aliás essa tentativa patética foi o ponto culminante de um embate com um dos entrevistadores, Demétrio Magnoli, que insistiu o tempo inteiro em fazer ver o ridículo e grotesco do pseudo-pensamento de Ali. Na verdade, Magnoli fez Tariq Ali revelar sua falta de contato com a realidade por quatro vezes:
Na primeira vez que foi confrontado, Ali não conseguiu explicar por que uma conseqüência lógica de suas declarações levava à conclusão de que os culpados pelos atentados em Londres eram na verdade os próprios cidadãos ingleses. Negou que suas afirmações tenham um fundo lógico.
Na segunda, Ali desmentiu suas próprias palavras ao negar uma entrevista concedida por ele em 20 de setembro de 2001 em que dizia que os terroristas islâmicos eram fascistas. Ele nega que tenha dito isso. Na terceira, a mais tragicômica de todas, conseguiu imputar ao demônio norte-americano a causa da repressão à imprensa livre em Cuba ( e ainda disse, de quebra, que prefere um país reprimido e encarcerado como é a ilha do comandante do que uma nação liberta pelos EUA, um mimo desse colosso chamado Tariq Ali para as milhares de vítimas do democrata Fidel Castro ).
E, por último, confessou que assinou a Carta de Porto Alegre, junto com Emir Sader ( presente na bancada entrevistadora, com uma performance medíocre, aliás...) sem concordar com seus termos. O que Sader aliás, também confessou ter feito.
Mas o que é mais relevante em seu pensamento é o lado visionário. Ele disse e repetiu por diversas vezes que enxerga a América Latina como a esperança a ser acalentada por todos aqueles que querem um mundo melhor, que acreditam que ‘um outro mundo é possível’.
E por quê?
Porque aqui estão Kirchner ( o caloteiro ), Fidel ( o assassino ), Morales ( o índio ladrão ) e claro: Hugo Chávez, o caudilho das Américas.
A defesa apaixonada e acrítica que esse senhor fez durante boa parte do programa de um picareta ideológico, de um irresponsável e mau-caráter como Hugo Chávez já diz tudo sobre sua visão de mundo. Ele enxerga em Chávez a esperança de um mundo mais igualitário e livre das amarras do monstro pantagruélico chamado Estados Unidos da América.
Tariq Ali quer assassinar o futuro. Da mesma forma que faz com o passado.
Realmente, não preciso de um sujeito como esse.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pois é...

Eu nunca li nada dele, mas já deixei de me interessar de ler, pela meia dúzia de críticas que eu já ouvi. A sua é mais uma para o relicário.

Estas supostas 'defesas bombásticas' mais me parecem melancia no pescoço do que algo que seja útil à análise.

Vale a pena ver a entrevista? Se valer, vou procurar.

25 agosto, 2006 14:59  
Blogger Primavera Negra said...

Ah, Ricardo: sempre vale!
Ele é bem influente na esquerda mundial. Vale pra poder saber o que pensa esse senhor, quando ouvir o nome dele.

26 agosto, 2006 22:58  

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