Engraçado como às vezes a gente se vê refletido exatamente como nos enxergamos em um texto específico. Como reconhecemos características nossas em uma descrição qualquer de um certo comportamento.
Isso acontece comigo de tempos em tempos. Ás vezes é prazerosa a experiência, às vezes é amarga. Uma ocasião dessas que foi marcante para mim foi a leitura de Proust, por exemplo, onde eu vi vários traços muito fortes meus descritos ali nas aflições, no comportamento e até na saúde do protagonista.
Bem, talvez Proust seja covardia: acredito que a maioria das pessoas com alguma vida interior que o tenha lido tenha encontrado pontos de contato com os personagens daquele que talvez seja o maior escritor do século XX.
Hoje eu me vi retratado, ou ao menos uma certa parte de minha personalidade está descrita à perfeição em um artigo no Toronto Star sobre uma disfunção psíquica que afetas pessoas definidas como ‘procrastinadoras’.
O artigo, chamado ‘
When mañana is too soon’ é de autoria do jornalista Kurt Kleiner e fala sobre um paper recém publicado do pesquisador Piers Steel da Universidade de Calgary que discorre sobre as diferentes teorias que versam sobre o fenômeno da procrastinação contumaz de ações benéficas, necessárias e cuja não realização pode inclusive implicar em sérios prejuízos para as pessoas acometidas dessa doença.
Nós que deixamos roupas no varal por dias a fio, que negligenciamos tarefas profissionais, que não conseguimos tomar resoluções por vezes simples, que deixamos tudo para amanhã, que adiamos até cortes de cabelo e visitas à mãe, bem, já começamos a ver alguma luz no fim do túnel.
Esse comportamento auto-sabotador nas palavras de Kleiner ( e é exatamente como eu me sinto ) parece ter no artigo de Steel uma abrangente revisão de todas as teorias já formuladas a seu propósito, com conclusões muitas vezes desmitificadoras.
Se você também já foi chamado de vagabundo, preguiçoso, relaxado e folgado dê uma olhada no artigo do Star que é bem interessante e sinta-se um pouco mais confiante.
Agora!