quarta-feira, novembro 08, 2006

Os Crimes do Politicamente Correto

Um sujeito é condenado por, digamos, 102 crimes, entre eles várias acusações de assassinatos e estupros. Após cumprir uma parte da pena ele é posto em liberdade condicional. É claro que a justiça toma todas as precauções e estabelece certas regras para que ele obtenha tal benefício, como a proibição de fumar maconha, ou freqüentar certos lugares inapropriados, embora o criminoso diga que não vá cumprir com as regras. Por fatalidade, depois de três semanas solto ele mata 3 pessoas e deixa ainda uma outra permanentemente traumatizada.
Digamos, também, que em um outro caso um assassino condenado seja solto pela justiça e depois de se mudar para uma vizinhança onde não é conhecido conquista a confiança dos vizinhos e, enquanto toma conta dos filhos de um casal de amigos, assassina uma das crianças.
Fatalidades.
Também há a circunstância de no segundo caso o casal conseguir conceber uma criança após a tragédia mas essa lhes ser retirada pelo estado pois os pais não teriam condição de criar seus filhos, já que deixaram uma criança sob os cuidados de um assassino.
Kafka nos trópicos?
Não.
Apenas alguns exemplos da frouxidão moral do sistema judiciário da Nova Zelândia, em um artigo de Theodore Dalrymple, na New English Review.
O artigo trata, na verdade, de um tema mais amplo que é o das conseqüências funestas derivadas da influência da tese do Bom Selvagem de Rosseau sobre a intelectualidade e, conseqüentemente, sobre os costumes modernos.
Onde se inclui também o sistema judiciário e legal dos países mais diversos.
O nome do artigo é Of Mailer and Murder, pois toma por ponto de partida o caso do criminoso Jack Henry Abott, transformado em sensação relâmpago da cena literária novaiorquina por Norman Mailer, com conseqüências parecidas com as dos casos citados.
Não dá pra evitar pensar na falta de sabedoria do eleitorado brasileiro nas últimas eleições em não notar que um ladrão, desonesto e corrupto se lhe for dada uma segunda chance, vai apenas roubar e corromper ainda mais.
A relação entre uma coisa e outra me veio a mente pois uma das características principais do mito formado em torno do tiranete que nos governa é a de que ele seria algo como um ser puro e inimputável, uma vítima do sistema que apenas está tentando jogar um jogo sujo com as regras e as armas de uma canalha exploradora e abjeta. Um bom selvagem político, acima do bem e do mal.
Claro que parece muito exagero e despropósito à primeira vista comparar coisas tão diferentes entre si como assassinatos e eleições, mas leia o artigo e veja se não faz todo o sentido o paralelo.
Se você discordar, no mínimo terá lido um grande texto.
Na verdade, vale muito mais ler o texto, que é ótimo mesmo, por ele próprio do que para buscar quaisquer tipos de paralelos.